Nesta entrevista, conversamos com Veruska Reis sobre suas experiências como cdzinha, acompanhante, empoderamento e muito mais. Prepare-se para uma visão inspiradora sobre o que significa viver uma vida autêntica!
O cross-dressing, também conhecido como cdzinha ou transformismo, é o ato de alguém expressar sua identidade de gênero através de roupas e acessórios associados ao gênero oposto. Pode ser tanto para explorar um lado feminino (no caso dos homens) ou masculino (no caso das mulheres), ou por diversas outras razões. Quem realiza essa prática é chamado de Transformista ou Crossdresser, ou simplesmente Cd ou Cdzinha.
Essa prática possui uma história abrangente, desde os antigos gregos, que celebravam rituais religiosos usando vestimentas e acessórios andrógenos, ao teatro Kabuki no Japão do século 17, onde atores masculinos interpretavam papéis femininos. No mundo ocidental, o cross-dressing ganhou destaque nos séculos 19 e 20 através de shows de vaudeville e burlesco. Nessas apresentações, tanto personagens masculinos como femininos eram interpretados por homens, que se vestiam de mulheres e utilizavam maquiagem, perucas e etc.
Créditos: Autor desconhecido; Sébastien Lifshitz
No Brasil, o cross-dressing se tornou mais visível nas últimas décadas, com artistas de teatro pioneiros nos anos 60 e 70. Nos anos 80 e 90, a cultura drag queen se popularizou em grandes cidades como São Paulo e Rio de Janeiro, impulsionando o crescimento da cena cross-dressing no país. Apesar de períodos polêmicos no Brasil, o transformismo tem crescido rapidamente na última década, com a realização de eventos e espetáculos por todo o país, sendo que a Parada Gay de São Paulo hoje é a segunda maior do mundo.
Desde o desejo de explorar a diversidade de gênero até a necessidade de se sentir mais confiante em seu corpo, a prática cross-dressing pode começar a ter diferentes significados para cada pessoa. Alguns utilizam como forma de expressão de sua preferência sexual, estabelecendo conexões com a comunidade LGBTQIA+. Outros encontram no crossdressing uma terapia ou meio de autoexpressão, impulsionando sua confiança e autoestima.
O caso de Veruska é um exemplo inspirador. Depois de uma desilusão amorosa, ela descobriu sua identidade como crossdresser, encontrando uma nova perspectiva como gay e cd. Para ela, relacionamentos com heterossexuais e bissexuais se tornaram mais atraentes quando está “montada” como “cdzinha”. Independentemente da motivação pessoal, o crossdressing é uma forma de expressão de gênero, não necessariamente relacionada à sexualidade.
O cross-dressing é uma forma de autoexpressão que tem ganhado cada vez mais adeptos em todo o mundo. Não se trata apenas de se passar por outra pessoa, mas sim de explorar diferentes possibilidades de vestimenta e se libertar de barreiras e estereótipos de gênero.
Além disso, essa prática pode aumentar a confiança e a identidade de gênero das pessoas, permitindo que elas se expressem de forma autêntica. É uma forma de empoderamento que pode revolucionar a maneira como a sociedade encara a diversidade de gênero.
Para Veruska, o cross-dressing é uma expressão de gênero que desperta uma poderosa mulher interior. E, através dessa transformação, ela se sente livre de bloqueios, especialmente os sexuais. “O cross-dressing me transformou em uma mulher com uma vírgula a mais!” ela completa.
No Brasil, diversas personalidades desafiaram as normas de gênero através do crossdressing. Desde Carmen Miranda, que se destacou em Hollywood nos anos 30 e 40 com suas roupas extravagantes e coloridas, até Rogéria, um ícone na cena drag brasileira nas décadas de 70 e 80.
Veruska, adepta do crossdressing, acredita que a composição desse estilo vem de dentro, e que moda e maquiagem surgem a partir de momentos de inspiração quando ela está se expressando como cdzinha. Ela se inspira em celebridades brasileiras como o cartunista Laerte e Elke Maravilha, que desafiaram as normas de gênero com visuais impressionantes e apresentações de palco impressionantes.
Créditos: Autor desconhecido; Sébastien Lifshitz
Veruska Reis surgiu no final de 2018 e desde então é apaixonada pela sua identidade como cdzinha. Com quatro anos de experiência profissional, ela considera a melhor parte dessa carreira o aprendizado, a troca de experiências e a satisfação de proporcionar prazer para seus clientes e para si mesma. Ela lembra que uma vez um cliente chegou no motel para um programa, olhou pra ela, abaixou as calças, ficou de joelho e teve uma ejaculação precoce. “Fiquei preocupada, mas acredito que ele tenha ido embora muito satisfeito e aliviado!”.
No entanto, além de satisfazer as necessidades de seus clientes com segurança e consentimento, Veruska também se empenha em desconstruir os estigmas associados a essa profissão, valorizando o trabalho de todos os profissionais do ramo e defendendo o direito de cada um ser tratado com dignidade e respeito. Ela acredita que ter responsabilidade e empatia com o próximo é simples e crucial. Colocar-se no lugar do outro e tratá-los com respeito é fundamental.
O termo “cross-dressing” ainda é desconhecido por muitos no Brasil, mas à medida que avançamos em direção à igualdade e o aumento do diálogo sobre diversidade, estamos no caminho certo para um futuro mais inclusivo, verdadeiramente aberto a diversas formas de identidade de gênero.
Segundo Veruska, “a delícia é ser quem você é“. E completa, “a vida é uma viagem de ida, então seja a protagonista em sua própria vida, conheça a si mesma e ouça suas necessidades. Não se compare a ninguém e sempre busque ser a melhor versão de si mesma”.
Hoje, o cross-dressing é parte desse movimento de ampliação de horizontes e aceitação. E esperamos que todos estejam prontos para abraçar um futuro mais colorido e diverso.
Veruska Reis é cross-dresser e acompanhante apaixonada pelo que faz. Ela busca respeitar a sexualidade e individualidade de seus clientes, contribuindo para seu bem-estar. Conheça mais sobre Veruska no Instagram e no site.
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